quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Teatro de Debret

 




O Teatro de Debret

Exposição: O Teatro de Debret 
Local:Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, Brasil 
Período: 26 de março a 11 de maio de 2008 
Horários: De terça a domingo, das 10h às 20h Entrada Franca 

O Teatro de Debret é a maior exposição já realizada sobre Jean-Baptiste Debret (1768-1848), pintor integrante da Missão Artística Francesa que viveu no Rio de 1816 a 1831. Com 511 obras, sendo 346 aquarelas, 151 pranchas litográficas e cinco óleos do artista, além de nove trabalhos relacionados com ele, a mostra revela o Rio, tanto sede do império português como do Brasil, com todos os seus contrastes e exuberâncias. A mostra integra as comemorações dos 200 anos da chegada da Família Real. Apontado como “cronista” e “repórter” de sua época, Debret escreveu que “não poderia deixar de registrar o mais rápido o Brasil de 1816, uma vez que, nesta bela plaga, mais do que em qualquer outro lugar, os rápidos progressos da civilização adulteram a cada dia o aspecto primitivo e os hábitos nacionais dos brasileiros”. A exposição tem três grandes módulos e dois anexos. No vão central da Casa França-Brasil, estarão 220 aquarelas, cinco óleos produzidos pelo artista e um retrato seu, feito por seu dileto aluno Manuel de Araújo Porto Alegre. Na sala lateral esquerda será exposto pela primeira vez o conjunto de 151 litografias do livro “Viagem Pitoresca e Histórica pelo Brasil”, editado na França entre 1834-1839. Na sala lateral direita estarão 116 esboços em aquarela feitos por Debret diretamente nas ruas da cidade, a matéria-prima para seus trabalhos em aquarela ou litografia. O espaço da Casa França-Brasil tem ainda dois vãos laterais: no lado esquerdo serão mostrados três exemplares originais da primeira edição de “Viagem Pitoresca”, e no direito ficarão sete desenhos originais do artista português Henrique Jose da Silva, diretor da Academia de Belas Artes. A idéia é mostrar dois processos inteiramente diferentes: o ainda rococó e beato portugueses e a modernidade representada por Debret, em sua busca pelo registro de um cotidiano profano. 

Mais informações retiradas do site: http://www.fcfb.rj.gov.br/ 

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Opinião: O Ano é 1816 Chegada da Missão Artística Francesa ao Rio de Janeiro, e a Família Real Portuguesa havia chegado oito anos antes ao Brasil devido as ameaças de invasão territorial sobre Portugal pelo Imperador Napoleão Bonaparte no início daquele século. Era pleno período de guerras, depois batizadas de “Guerras Napoleônicas”, que para muitos representam perante análises contemporâneas, se tratar da verdadeira Primeira Guerra Mundial como um conflito que teve repercussões mundiais. A coroa portuguesa resolveu em uma manobra política e geográfica precisa, a transferência da capital de seu reino para a cidade do Rio de Janeiro que tinha sido outrora a capital da sua maior colônia de exploração. Vencida pelos franceses Lisboa é invadida e seu território nacional perdido, porém o reino português não. Devido esse ato humilhante para os portugueses que lá permaneceram e extremamente importante para o Brasil, nasce nesse momento a parte mais importante (e talvez o real início) da História desse país. Mas voltemos a 1816... Napoleão perde a batalha pelo controle do continente europeu contra seus inimigos liderados pela Inglaterra. Seus seguidores, assim como suas idéias e instituições criadas por ele sobre o poder do governo francês foram destruídas. A academia de Belas-Artes e toda sua cúpula de artistas responsáveis pela propagação da cultura erudita, ocidental e francesa no vasto império é fechada e tida como uma arte imperial “opressora”. Sem ter para quem trabalhar, sem ganho e sem o mesmo crédito que haviam tido desde a construção do modelo francês de sociedade oriundo dos ideais revolucionários que vão culminar na ascensão de Napoleão ao poder, como sobreviver, pensavam esses artistas, em uma europa destruída? A resposta para variar foi: América! Apesar de inimigos políticos dos franceses, Portugal sempre foi um dos muitos países que admiravam a cultura francesa. Então, para demonstrar que o rei português sabia separar as coisas, D. João VI faz um convite aos artistas napoleônicos franceses para virem ao Brasil criar, ensinar e desenvolver a tradição erudita “greco-romana-francesa” das artes no novo país que nascia. É nesse momento do início do Séc XIX que se encontra então a exposição “O Teatro de Debret” sobre o trabalho realizado por Jean Batiste Debret no período que esteve no Brasil, na Casa França-Brasil, Rio de Janeiro. Fazendo parte desse ano de 2008 das comemorações dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil (projeto D. João VI no Rio), essa exposição representa o melhor até agora feito para celebrar o momento na minha opinião! Pequena mas muito emocionante, principalmente para amantes das Artes e da História! É uma rara oportunidade de vermos ao vivo e a cores os documentos concretos da formação imagética da cultura nacional. Todos os símbolos estão lá, a bandeira, a coroa, os dragões, o manto real, as alegorias, o rei, o príncipe, o imperador, etc. Além de todo esse trabalho majestoso do estado, temos também as aquarelas, litogravuras, desenhos, pinturas, arquitetura, ciência, botânica, vida cotidiana, escravos, comerciantes, nobres, mulheres, cenários, paisagens... Enfim, um verdadeiro teatro mesmo! Debret havia sido professor da Real Escola de Artes e Ofícios (atual Escola de Belas Artes - EBA/UFRJ, na qual eu estudo!) e ainda pintor real do cotidiano carioca com todas as suas mazelas e alegrias. Alguns de seus desenhos de caráter documental, até hoje são extremamente debatidos nos meios acadêmicos. Algumas de suas imagens nos falam à fundo sobre nossa cultura e modos de viver, como por exemplo nas aquarelas sobre as famílias abastadas cariocas. Quase consegui sentir o cheiro e perceber a atmosfera daquele lugar ao chegar perto do vidro onde estavam expostas para apreciar esteticamente os originais. Debret, mesmo que não tenha sido o autor de todos os desenhos, ou tenha copiado, ou tenha ganhado muito dinheiro, ou tenha se prevalecido disso tudo e ter sido um homem das cortes e blá, blá, blá, de críticas contra ele e os outros artistas da Missão Francesa, nada disso invalida sua produção artística e sua grande contribuição para o Brasil! O homem criou todos os nossos símbolos, e alguns desses, são utilizados até hoje, e isso não é pouca coisa, muitos o criticam mas raros foram os que fizeram algo parecido em nossa História! Haveriam grandes homens depois que fizeram grandes feitos sim, não nego, mas também não deixo de creditar os feitos daqueles franceses que apostaram suas fichas aqui no Brasil. Criar do zero, em um país estrangeiro, toda uma nacionalidade, pode parecer mas não é uma tarefa simples. Muito provavelmente isso não se repetirá de novo tão cedo na História de qualquer outro lugar! Acho que fomos muito injustos com eles e o nosso passado... Por isso, a Casa França-Brasil esta de parabéns pela exposição e ainda que atualmente a nova geração de franceses tenham esquecido o valor daqueles artistas, acho que nós não podemos agir da mesma maneira. Eles foram muito importantes para nós sim e muito devemos a eles, sendo elites e burgueses ou não! É contribuição artística o que estamos julgando aqui! Bom, chega de papo, sem mais nada a acrescentar sobre isso, agora, vejam por si mesmos! Bon Voyage!

RM.

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